segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Pelos campos há fomes em grandes plantações...

"O mais grave sintoma de nosso atraso civilizatório é a existência da pobreza como fenômeno coletivo. Segundo a ONU, somos 6,5 bilhões de habitantes, dos quais dois terços vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, sobrevivem com renda mensal per capita equivalente a, no máximo, 60 dólares, ou diários dois dólares. Dados da FAO revelam que a cada hora morrem mil seres humanos em decorrência da desnutrição, dos quais, anualmente, 5 milhões são crianças com menos de 5 anos de idade. E isso não ocorre devido à falta de alimentos ou ao excesso de bocas. A FAO assegura que o planeta produz alimentos suficientes para 11 bilhões de pessoas, quase o dobro da população atual. Portanto, a principal causa é a falta de justiça, de partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano. Há no mundo atual apenas quatro causas de morte precoce: doenças; acidentes (de trânsito e de trabalho); violência (homicídios, suicídios, terrorismo e guerra); e a fome. Esta última é a que causa mais vítimas e, no entanto, a que provoca menos mobilização da sociedade para que seja erradicada. Por que somos indiferentes à verdadeira arma de destruição em massa, a fome? Só encontrei uma resposta. E ela é cínica: dos quatro fatores, a fome é o único que faz distinção de classe. Jamais ameaça a nós, os bem nutridos. Só os miseráveis morrem de fome. "

(Caros Amigos, dezembro de 2006).